Procura-se líder maduro!

24/05/2021 | Mensagens, Pr Wilson Greve, Série em Tito

Série Tito 2

Texto bíblico básico: Tito 1.5-9

À primeira vista, o tema desta mensagem parece dizer respeito apenas aos líderes da igreja, mas é preciso lembrar que todo membro de igreja é um líder em potencial. Assim, ela também se destina à autoavaliação (“Será que eu poderia ser líder?”), bem como à eleição e avaliação dos líderes em exercício.

Uma igreja madura precisa de líderes maduros

Esses líderes (presbíteros ou anciãos) podem ser definidos como “cristãos maduros, com julgamento temperado (experientes)”.

Em Creta, onde Tito trabalhava, as igrejas ainda não estavam bem consolidadas. Devem ter sido vários grupos pequenos, quase familiares, reunindo-se em casas de família. Portanto, a orientação dada aqui é bem básica. Assim, este estudo focalizará os seguintes pontos:

• Qualidades do líder dentro do lar;
• O que o líder não deve ser;
• Qualificação do líder na igreja.

Dentro do lar

O líder deve ser irrepreensível:

Por ser encarregado da obra de Deus, é necessário que o bispo seja irrepreensível (Tt 1.7).

Alguém irrepreensível não é quem não aceita repreensão, mas em quem não se encontra nada a repreender. Paulo indica em Rm 12.1 o meio de chegar a essa condição:

Irmãos, rogo-lhes pelas misericórdias de Deus que se ofereçam em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus; este é o culto racional de vocês.

Oferecer-se em sacrifício vivo significa expor todo o seu ser diante de Deus para que ele possa transformá-lo. Para um líder irrepreensível, isso implica:

Ser um marido exemplar: Paulo requer que ele seja marido de uma só mulher (Tt 1.6). Embora essa exigência possa ser interpretada de várias maneiras, é certo que de qualquer modo implica uma vida conjugal fiel e harmoniosa, a exemplo do que ensina Efésios 5.25-28:

Maridos, amem suas mulheres assim como Cristo amou a igreja e entregou-se a si mesmo por ela para santificá-la, tendo-a purificado pelo lavar da água mediante a palavra, e apresentá-la a si mesmo como igreja gloriosa, sem mancha nem ruga ou coisa semelhante, mas santa e inculpável. Da mesma forma, os maridos devem amar as suas mulheres como a seus próprios corpos. Quem ama sua mulher, ama a si mesmo.

Ser um pai exemplar: No mínimo, é tratar os próprios filhos tão bem quanto outras pessoas:

Instrua a criança segundo os objetivos que você tem para ela, e mesmo com o passar dos anos não se desviará deles (Pv 22.6).

É claro que quem deve orientar o procedimento do pai de família é o Espírito Santo, mas ninguém é melhor para avaliar o nosso caráter do que a própria família. O líder da igreja não deve negligenciar o cuidado pela família sob o argumento de dedicação à igreja. A prioridade deve ser da família.

O que um líder não deve ser

Orgulhoso: A ideia aqui é de alguém autossuficiente, arrogante e teimoso – o que pensa sempre ter razão e prefere mandar a fazer. Esse orgulho é danoso. Pedro aconselha a respeito disso:

Jovens, sujeitem-se aos mais velhos. Sejam todos humildes uns para com os outros, porque “Deus se opõe aos orgulhosos, mas concede graça aos humildes”. Portanto, humilhem-se debaixo da poderosa mão de Deus, para que ele os exalte no tempo devido (1Pe 5.5-6).

Cabe a Deus e não a nós mesmos nos exaltar, no tempo que ele considerar oportuno.

Briguento (irritadiço): Trata-se de alguém sujeito a explosões de raiva, agressivo ou então que tende a guardar ressentimento:

Não se associe com quem vive de mau humor, nem ande em companhia de quem facilmente se ira; do contrário você acabará imitando essa conduta e cairá em armadilha mortal (Pv 22.24-25).

Um líder com tal tendência espalhará esse clima em torno de si.

Apegado ao vinho:

Não se embriaguem com vinho, que leva à libertinagem, mas deixem-se encher pelo Espírito (Ef 5.18).

É claro que aqui a ênfase está na embriaguez, mais do que no vinho em si. Hoje temos muitos recursos até mais potentes que o vinho para produzir tais efeitos.

Violento: Trata-se de alguém agressivo, que tende a se impor pela força. Para esse vale a palavra de Zc 4.6:

Esta é a palavra do Senhor para Zorobabel: “Não por força nem por violência, mas pelo meu Espírito”, diz o Senhor dos Exércitos.

Ganancioso: É o que quer sempre levar vantagem sem esforço e mesmo à custa dos outros. A igreja, porém, é um corpo que precisa viver em harmonia, com todos se beneficiando mutuamente:

Todas essas coisas, porém, são realizadas pelo mesmo e único Espírito, e ele as distribui individualmente, a cada um, conforme quer. Ora, assim como o corpo é uma unidade, embora tenha muitos membros, e todos os membros, mesmo sendo muitos, formam um só corpo, assim também com respeito a Cristo (1Co 12.11-12).

As qualidades de um verdadeiro líder

São qualidades que ele deve mostrar aos outros, a si mesmo e à igreja:

Aos outros:

Hospitalidade: Atitude amorosa em relação a estranhos, recebendo-os bem e se interessando por eles.

Amante do bem: É ter apreço por aquilo que é bom, aquilo que Deus mesmo também aprecia:

Seja constante o amor fraternal. Não se esqueçam da hospitalidade; foi praticando-a que, sem o saber, alguns acolheram anjos. Lembrem-se dos que estão na prisão, como se aprisionados com eles; dos que estão sendo maltratados, como se fossem vocês mesmos que o estivessem sofrendo no corpo (Hb 13.1-3).

A si mesmo:

Sobriedade: O filósofo grego Xenofonte define bem a sobriedade da seguinte forma: “O espírito que evita o mal, não só quando o mal pode ser visto, mas também quando ninguém o pode perceber.” Pedro ensina a respeito:

Sejam sóbrios e vigiem. O diabo, o inimigo de vocês, anda ao redor como leão, rugindo e procurando a quem possa devorar. Resistam-lhe, permanecendo firmes na fé, sabendo que os irmãos que vocês têm em todo o mundo estão passando pelos mesmos sofrimentos (1Pe 5.8-9).

Justiça: Os gregos diziam que justo é aquele que dá aos homens e aos deuses o que lhes corresponde. Em contrapartida, a Bíblia diz que

Deus retribuirá a cada um conforme o seu procedimento (Rm 2.6).

Consagrado, que tenha domínio próprio ou que leve uma vida de devoção e disciplina.

À igreja:

Manter-se fiel à Palavra e encorajar os outros: A marinha inglesa tem um regulamento segundo o qual nenhum oficial falará com desalento a nenhum outro oficial enquanto leva a cabo suas tarefas. Ou seja: não condenar ou desestimular algo que ainda não esteja bem definido. Colossenses 4.6 instrui a respeito:

O seu falar seja sempre agradável e temperado com sal, para que saibam como responder a cada um.

Refutar os opositores: William Barclay explica assim essa atitude: Significa falar à pessoa de tal maneira que veja o erro de seu caminho e aceite a verdade. O fim da reprimenda cristã não é a de humilhar, mas a de permitir que ela veja, reconheça e admita o dever e a verdade aos quais foi cega ou desobediente.

Na Bíblia temos os seguintes conselhos a respeito:

A resposta calma desvia a fúria, mas a palavra ríspida desperta a ira. A língua dos sábios torna atraente o conhecimento, mas a boca dos tolos derrama insensatez (Pv 15.1-2).

Portanto, também nós, uma vez que estamos rodeados por tão grande nuvem de testemunhas, livremo-nos de tudo o que nos atrapalha e do pecado que nos envolve, e corramos com perseverança a corrida que nos é proposta (Hb 12.1).

Pr Wilson R. Greve – domingo, 23/5/2021