As bem-aventuranças (2)

02/07/2018 | Mensagens, Pr Wilson Greve, Série "O sermão do monte"

Pr. Wilson R. Greve (resumo da mensagem de 1/7/18)

Texto bíblico básico: Mateus 5.1-12

Enquanto as quatro primeiras bem-aventuranças tratam do nosso relacionamento com Deus, as outras apontam para o nosso relacionamento com o próximo.

A 5ª bem-aventurança

Bem-aventurados os misericordiosos

Para esclarecer: misericórdia não é o mesmo que graça.
A graça concede perdão, purifica e reintegra;
a misericórdia concede alívio, cura e ajuda.

Embora alguns cristãos tenham um dom especial de mise-ricórdia (Rm 12.8), o exercício dela não deve limitar-se a estes, mas ser prática de todos – é a solidariedade com o necessitado – e ela requer disposição para trabalho pesa-do.

Ao contrário disso, muitas vezes deixamos de ajudar um necessitado por julgarmos que sua situação é culpa dele e que ele merece aquele sofrimento.

É comum também esperarmos uma retribuição dos beneficiados pelos nossos atos de bondade, mas essa retribuição virá do próprio Senhor, como e quando ele quiser: Bem-aventurado o que acode o necessitado; o Senhor o livra do mal. O Senhor o protege, preserva-lhe a vida e o faz feliz na terra. O Senhor o assiste no leito da enfermidade; na doença tu lhe afofas a cama (Salmo 41.1-3).

Um excelente exemplo do que é misericórdia é a parábola do bom samaritano: Um samaritano, estando de viagem, chegou onde se encontrava o homem [que fora assaltado e ferido, e que um sacerdote e um levita se omitiram de socorrer] e, quando o viu, teve piedade dele. Aproximou-se, enfaixou-lhe as feridas, derramou nelas vinho e óleo. Depois colocou-o sobre seu próprio animal, levou-o para uma hospedaria e cuidou dele (Lucas 10.33-34).

Já a falta de misericórdia é ilustrada na parábola do servo incompassivo, que se inicia em Mt 18.23 e termina com o resultado que segue: Então o senhor chamou o servo e disse: ‘Servo mau, cancelei toda a sua dívida porque me implorou. Você não devia ter misericórdia do seu conservo, como eu tive de você?’ Irado, seu senhor entregou-o aos torturadores, até que pagasse tudo o que devia (Mateus 18.32-34).

A 6ª bem-aventurança

Bem-aventurados os puros de coração.

Pureza de coração é sinceridade de vida ou integridade (não ter uma conduta dividida). É ser transparente e refletir a imagem de Jesus: Ai de vocês, mestres da lei e fariseus hipócritas! Vocês são como sepulcros caiados: bonitos por fora, mas por dentro estão cheios de ossos e de todo tipo de imundície. Assim são vocês: por fora parecem justos ao povo, mas por dentro estão cheios de hipocrisia e maldade (Mateus 23.27-28).

Seria este o nosso quadro? Deus espera que demonstremos a pureza – e as pessoas nos conhecem e confrontam: Quem poderá subir o monte do Senhor? Quem poderá entrar no seu santo lugar? Aquele que tem as mãos limpas e o coração puro, que não recorre aos ídolos nem jura por deuses falsos (nem se volta para a mentira, nem jura falsamente) (Salmo 24.3-4).

A 7ª bem-aventurança

Bem-aventurados os pacificadores.

O pacificador é diferente do apaziguador. Este se limita a dirimir conflitos, mas a mera ausência de guerra não é paz. O pacificador vai às causas e promove paz autêntica por meio de Jesus Cristo: Pois Ele é a nossa paz, o qual de ambos fez um e destruiu a barreira, o muro de inimizade, anulando em seu corpo a lei dos mandamentos expressa em ordenanças. O objetivo dele era criar em si mesmo dos dois um corpo por meio da cruz, pela qual ele destruiu a inimizade (Efésios 2.14-16).

Para pacificar de fato é preciso confrontar as partes com as causas do conflito e apontar para a vontade do Senhor. Ao fazer isso, o pacificador certamente pagará um preço.

Os rabinos do judaísmo sustentavam que a tarefa mais elevada que qualquer homem podia realizar era o estabelecimento de relações justas entre os seus semelhantes.

“Quão feliz é aquele que cria relações justas e sadias entre os homens, porque sua ação é obra de Deus.” (William Barclay)

A 8ª bem-aventurança

Bem-aventurados os perseguidos por causa da justiça.

Se vivermos como Jesus quer, certamente nossa vida não será confortável. A perspectiva é de sofrimento, mas existe a promessa de uma recompensa futura: Se o mundo os odeia, tenham em mente que antes me odiou. Se vocês pertencessem ao mundo, ele os amaria como se fossem dele. Todavia, vocês não são do mundo; por isso o mundo os odeia (João 15.18-19).

Não tenha medo do que você está prestes a sofrer. O Diabo lançará alguns de vocês na prisão para prová-los e vocês sofrerão perseguição durante dez dias. Seja fiel até a morte, e eu lhe darei a coroa da vida (Apocalipse 2.10).

Pensando particularmente no Brasil, alguém perguntou se a igreja seria mais fiel se houvesse perseguição. A resposta foi que se dá o contrário: se a igreja for fiel, acabará ocorrendo perseguição.