Um novo padrão para o homicídio
23/07/2018 | Mensagens, Pr Wilson Greve, Série "O sermão do monte"
Pr. Wilson R. Greve (resumo da mensagem de domingo, 22/7/18)
Texto bíblico básico: Mateus 5.21-26
O mandamento “Não matarás” levanta várias dúvidas:
Como explicar as ordens de matança que Deus mesmo deu ao povo de Israel, como a seguinte, por exemplo?
Nas cidades das nações que o Senhor, o seu Deus, lhes der por herança, não deixem vivo nenhum ser que respira…” (Deuteronômio 20.16-18).
Em contraste com isso, qual é realmente a situação daqueles que se consideram perfeitos porque “nunca mataram ninguém”?
Jesus vai bem mais fundo ao tratar deste assunto: o que importa realmente nem é o ato em si, mas sua motivação: a ira (v 22).
Esclarecendo: Essa ira não é um acesso de raiva momentâneo (thymos, no grego), mas uma ira e um ódio longamente cultivados (grego: orgue – palavra utilizada aqui). É a ira que brota do coração e depois é alimentada.
A respeito disso, Tiago ensina o seguinte em sua carta: Meus amados irmãos, tenham isso em mente: sejam prontos para ouvir, tardios para falar e tardios para irar-se, pois a ira não produz a justiça de Deus (Tiago 1.19-20).
Para nós é difícil admitir a ira, porque ela é companheira do pecado. Por isso, Paulo adverte: Quando vocês ficarem irados, não pequem. Apaziguem a sua ira antes que o sol se ponha, e não deem lugar ao Diabo (Efésios 4.26-27).
A ira que Jesus condena costuma expressar-se em palavras (v 22b), desqualificando o próximo. O termo ofensivo raca, que Jesus cita, significa algo como tolo, cabeça-oca, burro, imbecil.
Nossas palavras têm grande poder de ferir o próximo, mesmo talvez sem essa intenção.
A língua tem poder sobre a vida e sobre a morte; os que gostam de usá-la, comerão do seu fruto (Provérbios 18.21).
Além disso, elas revelam vanglória: “sou melhor que o outro”, e ofendem o Criador: Quem zomba dos pobres, mostra desprezo pelo Criador deles; quem se alegra com a desgraça, não ficará sem castigo (Provérbios 17.5).
Por isso, também aqui temos uma instrução de Paulo: Nenhuma palavra torpe saia da boca de vocês, mas apenas a que for útil para edificar os outros, conforme a necessidade, para que conceda graça aos que a ouvem (Efésios 4.29).
A ira também nos induz a julgamentos injustos sobre o próximo e a difamar o bom nome de alguém. É o sentido da palavra morós (grego) traduzida por “louco”, “imprestável” ou “maligno” – é condenar as escolhas do outro, sem na verdade conhecer o íntimo da pessoa. Foi o que ocorreu na condenação de Jesus: Que o sangue dele caia sobre nós e sobre nossos filhos! Então Pilatos soltou-lhes Barrabás, mandou açoitar Jesus e o entregou para ser crucificado (Mateus 27.25-26).
Jesus, por sua vez, pediu ao Pai que os perdoasse por “não saberem o que faziam”.
Novamente temos aqui uma instrução prática de Paulo: Evite as controvérsias tolas e inúteis, pois você sabe que acabam em brigas. Ao servo do Senhor não convém brigar, mas ser amável para com todos, apto para ensinar, paciente (2 Timóteo 2.23-24).
Não convém desprezar o que não conhecemos.
O homem cujo coração é escravo de sua ira, que se dirige a outros com tom depreciativo, o homem que destrói o bom nome de outros, pode não ter assassinado ninguém, mas em seu coração é um assassino. (William Barclay)
O “fogo do inferno” a que Jesus alude nesta passagem era, para os seus ouvintes”, o fogo do Vale de Hinom, onde se queimava o lixo de Jerusalém, e que era maldito por ter sido usado para lançar e queimar os ídolos abominados pelos judeus piedosos. É isso que merece a atitude de desqualificar o próximo.
Por isso Jesus continua, ensinando a prioridade da reconciliação (v 23). Paulo diz: Suportem-se uns aos outros e perdoem como o Senhor lhes perdoou (Colossenses 3.13).
A superação do mal deve começar por nós mesmos: Se o seu irmão pecar, repreenda-o e, se ele se arrepender, perdoe-lhe. Se pecar contra você sete vezes no dia, e sete vezes voltar a você e disser: Estou arrependido, perdoe-lhe (Lucas 17.3-4).
Se confessarmos nossos pecados, Ele é fiel e justo para nos perdoar e nos purificar de toda a injustiça (1 João 1.9).
Razões para a urgência:
- Problemas não resolvidos trazem consequências futuras.
- Sem comunhão com o próximo, não temos comunhão com Deus.
Guardar mágoa é envenenar a si mesmo. Não permita a amargura, que distorce seu julgamento: Se alguém afirmar: Eu amo a Deus, mas odiar seu irmão, é mentiroso, pois quem não ama seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a quem não vê (1 João 4.20).