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Quem sou eu?

17/05/2021 | Mensagens, Pr Wilson Greve, Série em Tito

Texto bíblico básico: Tito 1.1-4

Introdução

Quem foi Tito?

Tito foi um colaborador do apóstolo Paulo, que este chamou de “filho na fé”. Ele era gentio – não judeu. O livro histórico de Atos dos Apóstolos não o cita nenhuma vez, mas nas cartas de Paulo há 13 referências a ele, ou seja, a cooperação entre eles era bastante intensa.

Paulo apreciava muito a sua colaboração – ele o ajudou bem a resolver algumas situações complicadas – veja p.ex. 2Co 7.13-15; 8.6,16-19.

Aonde foi enviada a carta?

Na ocasião do envio da carta de Paulo, Tito estava na ilha de Creta trabalhando na consolidação de igrejas ali. Creta, uma das ilhas gregas de maior porte, era importante como entreposto para a navegação entre Roma e o Oriente. Por isso, é possível que o contato dos cretenses com o evangelho tenha chegado ali por meio de viajantes judeus convertidos.

O povo local era, porém, mal-afamado por seu baixo nível moral, o hábito de mentir e o comportamento violento e contencioso. Era, portanto, um campo de trabalho difícil para um pastor ou missionário.

Os propósitos da carta – Foram basicamente três:

  • dar autenticidade apostólica a Tito na formação da liderança da Igreja;
  • dar instruções quanto aos deveres pastorais de Tito em Creta;
  • dar informações sobre os planos de Paulo e o papel de Tito neles.

Em resumo, tratou-se de guiar Tito no papel de levar a igreja cretense à maturidade por meio de desenvolvimento de lideranças e promoção de um estilo de vida condizente com a sã doutrina (Carlos O. Pinto).

Assim, a introdução da carta apresenta critérios para Tito se autoavaliar, os quais, por extensão, valem também para nós, a fim de respondermos ao tema indicado acima: Quem sou eu?

1. Quem sou eu – servo ou senhor?

Paulo se apresenta logo no v 1 como servo de Deus, ou seja, escravo, alguém que se entrega totalmente à vontade do seu senhor, o que reflete a postura dele exposta em Gl 2.20:

Fui crucificado com Cristo. Assim, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim. A vida que agora vivo no corpo, vivo-a pela fé no Filho de Deus, que me amou e se entregou por mim.

Outra descrição dessa condição está em 2Tm 2.4:

Nenhum soldado se deixa envolver pelos negócios da vida civil, já que deseja agradar aquele que o alistou.

Em comparação com isso, nossa tendência é agir de forma independente, mas Paulo coloca isso nos devidos termos quando diz que ser escravo de Cristo significa ao mesmo tempo não ficar submisso às opiniões e às pretensões humanas – tanto dos outros como também de nós mesmos:

Aquele que, sendo escravo, foi chamado pelo Senhor, é liberto e pertence ao Senhor; semelhantemente, aquele que era livre quando foi chamado, é escravo de Cristo. Vocês foram comprados por alto preço; não se tornem escravos de homens (1Co 7.22-23).

2. Quem sou eu – seguidor ou discípulo?

Paulo se declara não só servo de Deus, mas também apóstolo de Jesus Cristo.

Um apóstolo é um mensageiro enviado com a missão de transmitir instruções ou ordens.

O apóstolo é um discípulo, alguém que configura sua vida em função do seu senhor. Ele tem um compromisso.

O seguidor é um mero simpatizante ou espectador não comprometido.

Como exemplo de discípulo podemos citar Ananias de Damasco, aquele que Cristo enviou para prestar a primeira assistência a Saulo logo depois da conversão deste:

O Senhor disse a Ananias: “Vá! Este homem é meu instrumento escolhido para levar o meu nome perante os gentios e seus reis, e perante o povo de Israel. Mostrarei a ele o quanto deve sofrer pelo meu nome (At 9.15-16).

O discípulo obedece ao Senhor.

Jesus, por sua vez, descreveu assim o papel do discípulo:

Qualquer de vocês que não renunciar a tudo o que possui não pode ser meu discípulo. O sal é bom, mas se ele perder o sabor, como restaurá-lo? Não serve nem para o solo nem para adubo; é jogado fora (Lc 14.33-35).

O discípulo renuncia aos seus interesses pessoais em favor do Senhor e assume uma atitude firme nessa condição:

Disse Jesus aos judeus que haviam crido nele: “Se vocês permanecerem firmes na minha palavra, verdadeiramente serão meus discípulos” (Jo 8.31).

3. Quem sou eu – responsável ou oportunista?

Esta foi a posição de Paulo em sua carta a Tito:

Fui enviado para fortalecer a fé daqueles que Deus escolheu e para ensinar-lhes a verdade que mostra como viver uma vida de devoção (Tt 1.1 NVT).

Jesus instruiu:

Ensinem esses novos discípulos a obedecerem a todas as ordens que eu lhes dei. E lembrem-se disto: estou sempre com vocês, até o fim dos tempos (Mt 28.20).

Fortalecer a fé não é primariamente ensinar doutrinas, mas ajudar as pessoas a crescer na fé por meio da prática.

Davi aponta o caminho da devoção:

Não te deleitas em sacrifícios nem te agradas em holocaustos, se não, eu os traria. Os sacrifícios que agradam a Deus são um espírito quebrantado; um coração quebrantado e contrito, ó Deus, não desprezarás (Sl 51.16-17).

Não se trata de fazer algo, mas de se manter na presença de Deus.

Paulo revela o que é ser responsável:

Ó meus filhos queridos, sinto como se estivesse passando outra vez pelas dores de parto por sua causa, e elas continuarão até que Cristo seja plenamente desenvolvido em vocês (Gl 4.19).

Conclusão

Discipulado consiste em demonstrar a esperança do que nos aguarda no futuro:

…fé e conhecimento que se fundamentam na esperança da vida eterna, a qual o Deus que não mente prometeu antes dos tempos eternos, e agora, no devido tempo, ele revelou essa mensagem, que anunciamos a todos. Por ordem de Deus, nosso Salvador, fui encarregado de realizar esse trabalho em favor dele (Tt 1.2-3).

John Stott resume toda essa lição dizendo que não podemos esperar habitar na presença de Deus se não estivermos buscando o bem do nosso próximo.

Pr. Wilson R. Greve – domingo, 16/5/2021


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