A supremacia de Cristo
12/04/2021 | Mensagens, Pr Kevin Tehlen
Texto bíblico básico: Colossenses 2.6-15
Com todas as restrições que a pandemia nos impõe, o apelo aos recursos eletrônicos oferece um grande aumento da variedade de influências em todas as direções.
Nos tempos do Novo Testamento, a cidade de Colossos vivia uma situação semelhante. Embora sem tecnologia, ela era uma cidade cosmopolita, no meio de uma movimentada rota comercial, e um polo industrial têxtil.
Com isso, a igreja fundada ali provavelmente por Epafras, companheiro do apóstolo Paulo, sofria muitas influências tendentes a afastá-la do centro do evangelho. Havia infiltração de doutrinas estranhas e o risco de perda de foco em Cristo.
Por isso, na Carta aos Colossenses Paulo reage contra essas heresias. Elas tinham duas fontes principais:
- Os filósofos, que se ocupavam com supostas influências de astros, do universo e de seres celestiais, como anjos e espíritos diversos;
- Os judeus, que insistiam na importância de observar suas tradições, como a circuncisão e o batismo, sem o que a vida cristã seria insuficiente.
Em ambos os casos, buscava-se uma salvação mística, para a qual Jesus e sua obra não bastavam.
É a isso que se refere o texto bíblico básico indicado acima.
Contra tais ideias, Paulo insiste na importância de
Viver em Cristo (vv 6-7)
Assim como vocês receberam Cristo Jesus, o Senhor, continuem a viver nele, estando enraizados e edificados nele, e confirmados na fé como foi ensinado a vocês, crescendo em ação de graças.
Tradições são práticas e valores que nos foram trazidos do passado. Nesse sentido, a vida em Cristo também representa uma tradição – no caso, a palavra de Deus:
Isso vocês aprenderam de Epafras, nosso amado conservo e, em relação a vocês, fiel ministro de Cristo, o qual também nos contou do amor que vocês têm no Espírito.
Portanto, importa ter uma vida nova e não doutrinas ou costumes novos, ou seja,manter-se fiel a Cristo e não às novidades:
Este é o amor de Deus: que guardemos os seus mandamentos (1Jo 5.3a).
Sejam praticantes da palavra e não somente ouvintes, enganando a vocês mesmos (Tg 1.22).
Para nós hoje, essas novidades são fornecidas maciçamente pelos atuais recursos tecnológicos, que em si até são bons e úteis, mas não devem assumir o controle da nossa vida.
Paulo ilustra no v 7 a vida nova em Cristo por meio de algumas figuras de linguagem:
1) Estar enraizados em Cristo – como uma árvore que lança raízes profundas na terra, que lhe dão firmeza e a suprem de água e alimento, permitindo-lhe crescer, Deus realizará assim sua obra em nós. Russell Shedd comenta o seguinte a esse respeito:
“Nele radicados” está no pretérito perfeito, indicando uma experiência no passado que não mudará. A árvore, uma vez enraizada, só fica mais firme à medida que o tempo passa e ela cresce. Paulo deixa bem claro que, à semelhança da árvore, os cristãos foram plantados em Cristo, de uma vez para sempre. Sendo um verbo passivo, dá para entender que foi Deus quem plantou a Igreja, e não uma decisão meramente humana.
2) Estar edificados, firmemente fundamentados em Cristo:
[Jesus diz:] Todo aquele que ouve estas minhas palavras e as pratica será comparado a um homem prudente que construiu a sua casa sobre a rocha. Caiu a chuva, transbordaram os rios, sopraram os ventos e bateram com força contra aquela casa, e ela não desabou, porque tinha sido construída sobre a rocha (Mt 7.24-25).
…sendo o próprio Cristo Jesus a principal pedra angular desse alicerce (Ef 2.20b).
3) Confirmados na fé e ensinados.
4) Crescer em ação de graças
John McArthur comenta que a ingratidão é uma característica pessoal dos incrédulos.
Em tudo deem graças, porque esta é a vontade de Deus para vocês em Cristo Jesus (1Ts 5.18).
Por outro lado, é preciso dar atenção às
Advertências de Paulo (v 8)
Tenham cuidado para que ninguém venha enredá-los com sua filosofia e vãs sutilezas, conforme a tradição dos homens, conforme os rudimentos do mundo e não segundo Cristo.
Paulo refere-se aqui inclusive a poderes demoníacos que esses rudimentos do mundo incorporam, tais como superstições, astrologia, etc.
Pode-se acrescentar a isso o alerta de Hebreus 13.9a:
Não vos deixeis influenciar pelas várias doutrinas heréticas. Porque o mais importante é fortalecer o coração pela graça.
Enredar (prender numa rede) transmite a ideia de escravizar, sequestrar ou raptar alguém. A igreja é para nós o que o aprisco é para as ovelhas; a cerca que a protege é a nossa nova vida.
É preciso, porém, cuidado para não permitir que ali penetrem predadores que vêm trazer novidades doutrinárias alheias ao evangelho. Geralmente eles não negam a obra de Cristo, mas acrescentam-lhe outras coisas, como se Cristo fosse insuficiente – e o perigo está em que não fazem isso grosseiramente, mas de forma sutil. Trata-se de novos livros com ensinos e argumentos elegantes mas sem valor, que se infiltram pouco a pouco.
Finalizando, a mensagem de Paulo é que
Jesus Cristo basta (vv 9-15)
[Jesus diz]: Eu e o Pai somos um (Jo 10.30).
O Filho é o resplendor da glória de Deus e a expressão exata do seu ser, sustentando todas as coisas por sua palavra poderosa (Hb 1.3a).
Jesus é tudo de que precisamos para uma vida nova. Ele é que tem o poder de nos transformar:
Esse poder ele exerceu em Cristo, ressuscitando-o dos mortos e fazendo-o assentar-se à sua direita, nas regiões celestiais, muito acima de todo governo e autoridade, poder e domínio, e de todo nome que se possa mencionar, não apenas nesta era, mas também na que há de vir (Ef 1.20-21).
Circuncisão e batismo apenas físico não têm poder em si – são apenas representações exteriores para o que Cristo precisa operar dentro de nós:
Por esta razão Cristo morreu e voltou a viver, para ser Senhor de vivos e de mortos (Rm 14.9).
Para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho no céu, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para a glória de Deus Pai (Fp 2.10-11).
Purificai-vos em honra a Yahweh, circuncidai os vossos corações, homens de Judá e habitantes de Jerusalém (Jeremias 4.4a).
Fomos sepultados com ele na morte por meio do batismo, com o propósito de que, assim como Cristo foi ressuscitado dos mortos mediante a glória do Pai, também nós vivamos uma nova vida (Rm 6.4).
Fui crucificado com Cristo. Assim, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim. A vida que agora vivo no corpo, vivo-a pela fé no filho de Deus, que me amou e se entregou por mim (Gl 2.20).
Quanto à antiga maneira de viver, vocês foram ensinados a despir-se do velho homem, que se corrompe por desejos enganosos, a serem renovados no modo de pensar, e a revestir-se do novo homem, criado para ser semelhante a Deus em justiça e em santidade provenientes da verdade (Ef 4.22).
Nessa nova vida já não há diferença entre grego e judeu, circunciso e incircunciso, bárbaro e cita, escravo e livre, mas Cristo é tudo e está em todos (Cl 3.11).
Cristo nos redimiu da maldição da lei quando se tornou maldição em nosso lugar, pois está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado num madeiro (Gl 3.13).
Ele mesmo levou em seu corpo os nossos pecados sobre o madeiro, a fim de que morrêssemos para os pecados e vivêssemos para a justiça; por suas feridas vocês foram curados (1Pe 2.24).
Ele é a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação. Pois nele foram criadas todas as coisas, nos céus e sobre a terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos, sejam soberanias, quer principados, quer potestades. Tudo foi criado por meio dele e para ele. Ele é antes de todas as coisas. Nele tudo subsiste. Ele é a cabeça do corpo, que é a igreja. Ele é o princípio, o primogênito dentre os mortos, para ter a primazia em todas as coisas. Porque Deus achou por bem que nele residisse toda a plenitude e que, havendo feito a paz pelo sangue da sua cruz, por meio dele reconciliasse consigo mesmo todas as coisas, quer sobre a terra, quer nos céus (Cl 1.15-20).
Kevin Tehlen (obreiro) – domingo, 11/4/2021