Ninguém está perdido demais
20/05/2019 | Artigos, Mensagens
Francis Chan (tradução de Doris Körber)
Durante o culto do último fim de semana, minha filha adolescente e eu caímos no choro. Um dos nossos pastores estava pregando sobre a cruz. Ellie e eu ficamos muito emocionados enquanto ele ia descrevendo como Cristo absorveu nossos pecados e suportou a ira de Deus em nosso lugar.
Por quê? Por que nós estávamos chorando de alegria e admiração enquanto outros não sentiam nada? Nossas lágrimas eram uma dádiva de Deus.
Mas se o nosso evangelho está encoberto, para os que estão perecendo é que está encoberto. O deus desta era cegou o entendimento dos descrentes, para que não vejam a luz do evangelho da glória de Cristo, que é a imagem de Deus. Mas não pregamos a nós mesmos, mas a Jesus Cristo, o Senhor, e a nós como escravos de vocês, por causa de Jesus. Pois Deus, que disse: “Das trevas resplandeça a luz”, ele mesmo brilhou em nossos corações, para iluminação do conhecimento da glória de Deus na face de Cristo (2 Coríntios 4.3-6).
Quando ouvimos novamente a história da Sexta-Feira da Paixão naquele domingo, poderíamos não ter sentido nada – cegos, em trevas, incrédulos – mas Deus brilhou mais uma vez em nosso coração com a sua luz.
Suplique a Deus por eles
Lembro-me da primeira vez em que entrei numa caverna bem funda. Até então, não tinha ideia do que significava “escuridão total”. Ouvia a voz do meu amigo bem ao meu lado, mas não conseguia vê-lo. Não importava o quanto eu me esforçasse, não dava para ver nem a minha mão na frente do rosto.
Então meu amigo ligou a sua lanterna. Tudo mudou. A escuridão sumiu, e dava para ver a caverna em toda a sua beleza. É isso que o apóstolo Paulo descreve em sua carta. Todos nós andamos em escuridão espiritual total, até que Deus decida lançar sua luz sobre nós. De alguma forma misteriosa, a luz de Deus ilumina o coração da pessoa de forma que ela instantaneamente passa a ver a beleza do evangelho. Não há esforço humano que consiga realizar isso. A salvação é um milagre de Deus.
Muitos de nós diriam que acreditam nessa verdade teológica, mas as nossas ações nos traem, na medida em que revelam o quanto confiamos em pessoas, discursos e eventos. Já foram várias as ocasiões em que pessoas me imploraram para falar com seus amigos não convertidos, acreditando que minhas palavras fariam a diferença. Infelizmente, muitas vezes atendi a esse pedido (em vez de corrigir a teologia), e tentei desesperadamente achar as palavras perfeitas para convencer aqueles amigos a se apaixonarem por Jesus. Você entende o quanto isso é ridículo?
Em 2 Coríntios 4.4, Paulo diz que Satanás cegou essas pessoas. Sem a atuação de Deus, qualquer súplica da nossa parte para que alguém veja a beleza de Cristo é tão sem sentido quanto implorar que um homem cego desfrute da beleza de um pôr-do-sol. Será que estamos dirigindo nossas súplicas primeira e principalmente a Deus?
Minha oração de trinta anos
Jesus contou a parábola da viúva persistente para mostrar que é necessário “orar sempre e nunca desanimar” (Lucas 18.1). Há um tremendo poder na oração perseverante. Deus não é como nós; ele não se incomoda quando seus filhos lhe pedem a mesma coisa vez após vez. Ele se agrada da fé demonstrada quando insistimos em orar para que alguém seja salvo.
Quando amo alguém de forma profunda, é natural que ore por essa pessoa com perseverança. Acredito que na verdade seria preciso um esforço maior para não orar por ela. Meu melhor amigo na faculdade decidiu que não queria seguir Jesus. Isso partiu meu coração. Ken e eu seguimos caminhos diferentes, e nossas vidas tomaram rumos opostos. Mas nunca parei de orar por ele — não conseguia. Sempre que o nome dele me vinha à mente, o reflexo natural era orar por ele.
Há dois anos, preguei em Seattle, onde Ken vivia. Convidei-o para vir ao evento, para podermos nos reencontrar. Nossa formatura do Ensino Médio tinha sido em 1985. Depois de trinta anos de intercessão, Deus decidiu iluminar seu coração. De repente, ele conseguia ver a beleza de Jesus, e não entendia como não tinha captado isso durante tanto tempo. Poucas semanas depois, Ken e sua esposa vieram até São Francisco, e pude batizá-los. Não consigo encontrar palavras para descrever essa dádiva. Ele é uma das poucas pessoas pelas quais intercedi de forma consistente durante trinta anos – um preço baixo a pagar para poder passar os próximos trinta milhões com ele.
Ninguém está perdido demais
Nenhuma alma está longe demais para que Deus consiga trazê-la de volta. Nenhum coração é duro demais para Deus amolecer. Nenhum filho ou filha está perdido demais para ser resgatado por Deus. Continue orando para que Deus faça o que só ele pode fazer.
Quando entendemos as consequências de rejeitar a Cristo e estamos cheios de amor por outro ser humano, a oração persistente deveria ser a resposta natural. Até hoje, continuo sem saber direito como a vontade decretada de Deus combina com a eficácia das minhas orações persistentes. Por enquanto, estou mais que satisfeito em obedecer e orar. Ainda que não saiba bem como isso funciona, já vi resultados. Medite comigo a respeito de Lucas 18, confie nas palavras de Cristo e então ore com sinceridade e expectativa.
Se você consegue enxergar as riquezas que temos em Cristo, reserve tempo para agradecer a Deus de todo coração. Ele nos deu o maior tesouro que poderíamos ganhar. Ele “brilhou em nossos corações, para iluminação do conhecimento da glória de Deus na face de Cristo”.
Francis Chan é pastor em São Francisco (EUA) e trabalha com plantação de igrejas em Bay Area.
By John Piper. © Desiring God Foundation. Source: desiringGod.org
Traduzido com permissão. Texto original aqui.