Um novo padrão para amar e orar
08/10/2018 | Mensagens, Pr Wilson Greve, Série "O sermão do monte"
Pr Wilson R. Greve (7/10/18)
Texto bíblico básico: Mateus 5.43-48
No Sermão do Monte, Jesus várias vezes contrastou seu ensino com o que fora dito aos antigos. No nosso texto básico ele cita um desses ensinos aos antigos que eram aceitos em Israel:
Vocês ouviram o que foi dito: “Ame o seu próximo e odeie o seu inimigo” (Mt 5.43).
No entanto, essa tradição não condiz bem com a Lei de Moisés, que diz o seguinte:
Não procurem vingança, nem guardem rancor contra alguém do seu povo, mas ame cada um o seu próximo como a si mesmo. Eu sou o Senhor (Lv 19.18).
Se você encontrar perdido o boi ou o jumento que pertence ao seu inimigo, leve-o de volta a ele. Se você vir o jumento de alguém que o odeia caído sob o peso de sua carga, não o abandone; procure ajudá-lo (Êx 23.4-5).
De acordo com esses textos, o meu inimigo também é meu próximo.
A propósito: quem é meu inimigo? Pode ser simplesmente uma pessoa de que não gosto!
Continuando, Jesus manda explicitamente amar os inimigos:
Mas eu digo: Amem os seus inimigos e orem por aqueles que os perseguem (Mt 5.44).
Mas que amor seria esse a destinar aos inimigos? A língua grega tem quatro palavras para o que chamamos de amor, das quais, porém apenas uma – agape – é aplicável aqui. Esses quatro tipos de amor são:
Storge – É o amor familiar, entre pais e filhos ou entre irmãos. Ele nasce de um afeto natural e até instintivo. É fácil entender que ele não existe em relação a inimigos.
Eros – É o amor romântico, que envolve sentimentos físicos – o amor entre casais de namorados. Também não é aplicável aos inimigos.
Fileo – É o amor amizade, decorrente de simpatia, que existe entre bons amigos, exatamente o oposto a inimigos.
Agape – É o amor sacrifical, de boa vontade incondicional – o amor que Deus tem por nós. É o único que capacita a amar os inimigos porque não depende de gosto, emoções ou sentimentos – apenas de vontade e decisão.
Por que haveríamos de amar o nosso inimigo com o amor agape?
- Por não depender somente de nós – nossa simples vontade não oferece a força necessária para isso. No amor agape, porém, existe atuação divina, sobrenatural:
Amados, amemos uns aos outros, pois o amor procede de Deus (1Jo 4.7-8).
- Porque, por nosso intermédio, ele transmite o amor de Deus que nos habilita inclusive a nos sacrificar pelo outro sem necessidade de retorno – daí permitir amar o inimigo. No amor agape, a atitude é nossa – somos proativos.
Nisto conhecemos o que é o amor: Cristo deu sua vida por nós, e devemos dar a nossa vida por nossos irmãos (1Jo 3.16).
O amor ao inimigo inclui a intercessão por ele – o ato de orar em favor dele.
- Por meio da oração, colocamos a vida de quem nos incomoda na presença de Deus. Um exemplo dessa atitude é a do apóstolo Paulo em relação aos israelitas que, apesar de serem o seu próprio povo, o perseguiam, às vezes a ponto de querer matá-lo:
Irmãos, o desejo do meu coração e a minha oração a Deus pelos israelitas é que sejam salvos (Rm 10.1).
- Por meio da oração por aqueles que nos incomodam, podemos sondar o nosso próprio coração:
Se alguém afirmar: eu amo a Deus, mas odiar seu irmão, é mentiroso, pois quem não ama seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a quem não vê (1Jo 4.20).
O resultado do nosso amor ao inimigo e da oração em favor dele é a nossa própria perfeição:
Portanto, sejam perfeitos, como perfeito é o Pai celestial de vocês (Mt 5.48).
A ideia de perfeição (teleios, em grego) pode ser a de um animal sem defeito, adequado para ser apresentado em sacrifício a Deus, ou de um homem quando atinge sua plena estatura (um adulto formado), ou ainda de um aluno que assimilou toda a matéria que lhe foi ensinada.
Assim, seremos perfeitos se…
- …amarmos aqueles que ainda estão longe da graça de Deus;
- …orarmos por aqueles que ainda não conheceram o amor que transforma vidas.